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Não tenho muito mais a dizer,
para quê repetir e repetir o que tudo e todos estão fastidiosos de saber ?
A veridicidade das minhas palavras não é total, fiar no que digo será um erro.
E tudo isto são apenas letras, que tento juntar de forma a dar algum sentido à miséria de frases que escrevo, letras sem sentido, palavras vítreas que tento preencher.
Tudo tentativas em vão.
Tento constatemente criar um ideal meu, alguem que seja perfeito, criando essa mesma perfeição apenas e só à tua imagem, tu, que só existes no meu pensamento.
Mas de algo tenho a certeza , não voltará nem a ilusão, nem a esperança que durante certo tempo ainda mantive dentro de mim.
Apenas letras ,palavras e as frases que sem imaginação ainda consigo criar...
Tudo isto é em vão e sem sentido.

Não te consigo inventar


Não te consigo inventar.
Procuro.te mas não te consigo encontrar.
Vou até aos mais fundo dos poços, até ao mais longínquo dos esconderijos, só para te encontrar.
Vou até às profundezas de cada palavra, ao fundo de cada sorriso e descubro a intenção de cada abraço só para te encontrar.
Não te consigo inventar, não consigo criar uma tua imagem na minha cabeça, em que sejas a minha perfeição e , porventura, eu e tua. Não consigo imaginar-te, criar-te e descobrir o que escondes. Não consigo tocar-te ou sentir-se pois não sei onde te encontras.
Haverá algum sítio onde eu te consiga encontrar, já que imaginar-te não passa duma ilusão e inventar-te algo inútil?
Se pudesse, daria-te todo o tempo do mundo para me dares um aviso, um sinal da tua passagem, mas não tenho, a vida são dois dias, e no terceiro pode já ser tarde demais.
Hoje e amanha, esperarei pelo momento em que atinjas a profundidade dos meus olhos , consigas ler o que digo sem dizer uma palavra, e percebas que é por ti que anseio.
Que é por ti que espero, és tu quem tento encontrar, é a ti que te tento imaginar , e que és tu quem não consigo inventar.
Não vou desesperar à tua espera, vou imaginar, ansiosa, o dia em que surjas para seres o único com o dom de me decifrar.

Não fui só eu, não és só tu...


Custa-me sempre, custa-me sempre ver alguém a chorar, afecta-me, magoa-me.
Mas hoje custou-me mais, hoje ainda me conseguiu afectar e magoar mais. Senti-o, ao início, sem saber porquê, fiquei com aquela imagem na minha cabeça, apenas a perguntar o porquê.
Mais tarde, chegou-me aos ouvidos, não tinha sido só um arrufo ou uma " chaticezinha " , eu , porventura, passei pelo mesmo.
Quando soube deu-me uma vontade enorme de ir ter com ela, de falar com ela, de a abraçar, de lhe contar como se passou comigo , de lhe dar força e dizer que podia sempre contar comigo, que se alguma vez alguém não a compreendesse, que viesse ter comigo, eu iria compreende-la, sempre, esqueci completamente o facto de não ter qualquer tipo de confiança com ela.
Tudo o que está a sentir, vai-lhe passar, tudo o que a fere, vai sarar, todas as lágrimas que solta, vão secar. E voltará a sorrir, sempre pensando no assunto, mas sorrir como se nada tivesse acontecido.

Mundo Mudo

Este sim, deveria ter sido o primeiro texto publicado.
Hoje, reflecti, o porque do nome " mundos mudos ". E não, não é pelo facto de haver um nome de uma musica com esse título, até porque nem gosto da própria música, o nome fala comigo, a música não me diz nada.
O facto é que tenho o meu próprio mundo, o meu próprio mundo em mudança, acabo por mudar constantemente de gostos, de estilos, de cores, de feitios que ainda não reconheci em mim.
O meu próprio mundo mudo, em que mudo constantemente, não portando qualquer tipo de comunicado, mudo no meu mundo mudo, em que sou muda na minha própria linguagem.
Talvez por não saber falar com a voz, mas sabe-lo com os olhos e com as mãos.
Não sei o que é o acertado dizer em cada situação, em cada altura, a entoação certa para cada palavra, a rapidez ideal para cada frase. Acabo por atrapalhar-me e engasgar-me sem dizer aquilo que quero. Para que falar e falar se metade das palavras que digo não se aproveitam.
Por isso escrevo, talvez não me entendam no meio da minha confusão, talvez acabe também por confundir quem lê, mas ao menos sinto que disse o que queria, e quando assim não o faço, falo com os olhos que são a minha ultima oportunidade para dizer aquilo que nem escrevendo consigo transmitir, e quem conseguir decifrar o que digo com cada olhar é quem recebe a mensagem mais directa e sucinta.
Quem não percebe o que digo, não percebe o que escrevo , nem percebe a linguagem do meu olhar, tem o seu mundo surdo.
Vou continuar a mudar, no meu mundo em mudança, mudando sempre muda, e de uma maneira ou de outra , dizendo sempre o que quero.
E afinal de contas a música sempre me diz algo, pois foi com ela que falei do meu mundo mudo.

Carta de Amor

" Enquanto tento escrever algo, fico estasida a olhar para a folha branca , de caneta na mão, sem sequer escrever uma letra, por vezes torna-se difícil escrever mais uma vez aquilo que já se escreveu tantas e tantas vezes.
Não custa mais, pelo contrário, talvez já tenha dito tudo, já tenho deixado tudo no papel, se te mostrei tudo ? não, não mostrei, mas para quê, desde à algum tempo atrás que não quiseste saber mais o que dizia, do que falava, do que sentia...
Por esse mesmo motivo mencionei palavras sem querer que tivessem destinatário, sabendo que cada texto que compunha era apenas a ti direccionado.

(...)
Não escrevo com a intenção de demonstrador todo aquele amor que de tão bonito tinha, considero isto como apenas uma demonstração daquilo que sinto e acima de tudo senti por ti. É um desabafo para contigo, aquela confissão que nem imaginas que exista, a tal última despedida que te prometo silenciosamente, o sufocar de um sentimento guardado em segredo. "

Por medo, insegurança ou até mesmo cobardia, só fui capaz de mencionar as primeiras e últimas frases da carta que tive de te direccionar. Não a escrevi por escolha própria, por mim não voltaria a escrever nem sobre ti, nem para ti e muito menos por ti. Tive medo de ser julgada, medo de ter sido injusta na maneira como descrevi o que aconteceu, porque inevitavelmente, irás ler.
Mostro apenas a primeira e última parte pois no meio encontram-se todos os nossos defeitos e todas as nossas virtudes.