A verdade é que por mais que não queira, por mais que diga que não consigo, por mais que diga que não tenho mais nada a a dizer, não há palavra que não escreva em que nas minhas mãos, na minha cabeça ou no meu coração não esteja o mesmo nome, o mesmo corpo ou a mesma alma. E volto a meter-me no mesmo canto, refundida e se por acaso decidir passar os olhos pelo resto do mundo, é apenas porque decidi começar a correr em vez de continuar escondida. Quando me cansar já estarei tão longe que não haverão olhares antigos, sentimentos antigos, pensamentos antigos, arrependimentos ou coisas por dizer e por fazer.
Já estarei tão longe que não vou precisar de me esconder, tão longe que ninguém me vai procurar, tão longe que não vai haver ninguém que me procure.
E se por acaso voltar, será porque deixei o meu novo sítio como segunda casa, onde pus todas as minhas recordações, todas as minhas memórias e tudo o que me fazia seguir um caminho diferente, todas os desejos, todos os sonhos, todas as vontades...
Virei, pronta a começar do zero, e já não haverão histórias como as de hoje, mil e uma histórias em que fui mais feliz que nunca. Já não terei mais nada para contar da maneira como o faço, tão nostalgicamente feliz e tão melancolicamente magoada.
Por enquanto, continuo a querer magoar-me, continuo a querer massacrar-me e faço tudo para não romper uma ligação que já não existe, ou pelo menos, já não deveria existir.
Estou na esperança que toda a mudança tenho um lado bom, eu é que ainda não encontrei o meu.
Seja com quem for, o que for, conta-se a 1 pessoa e no dia asseguir já sabem mais 20.
Torna-se irritante, assério, se quiser, eu conto, odeio andar na boca de toda a gente e vocês ja sabem disso, não digo mais.

Tu vales a pena

Tens a noção que eu não tenho tempo para isto ?
Tenho um estúpido de um relatório para acabar e o joão está à minha espera para fazer a parte dele, mas não, isto quando salta tem de ser logo.
Primeiro que tudo, vai-te lixar.
Sim, é estúpido, é muito estúpido, é estúpido entrar na sala e não procurar por ti, é estúpido porque não te encontro. Sou estúpida porque continuo a procurar, sou estúpida porque todas as terças-feiras eu chego à escola e tu ainda não estás lá e aí é que lembro que afinal entras mais tarde.
Irónico ? Sim, também é. É irónico porque não posso partilhar contigo as parvoíces das minhas aulas, é irónico porque quando me contas as parvoíces das tuas, eu não entendo, não percebo, não me rio da maneira maneira que tu, e porque ? Porque eu não estou lá.
Não estou lá para te dizer a diversão que foi comprar os meus cadernos, não estou lá para te dizer quantas tampas de canetas já perdi, não estou lá para ralhar contigo por me destruíres as borrachas, não estou lá para me rir de ti quando dizes " eu ganhei " enquanto queres dizer " eu tenho o numero 1 " em inglês, não estou lá para ver os desenhos estupidos dos teus livros que nem existem, enquanto eu ando carregada com eles.
Porque tenho de entregar o relatório amanhã e tu não me ajudaste a fazê-lo, não apareces nas fotos do trabalho e eu tive de apagar o teu nome do último que fizemos, juntas.
Porque os teus cadernos já não tem a minha letra no meio, e os meus também já não têm a tua, porque eu não tenho de fazer os testes mais rápido para te poder ajudar, não que não goste de ter mais tempo, porque já tinha aquele tempo tão contado que sou capaz de ficar a espera,  isso irrita-me.
Não estou lá para quando não souberes o que responder, não estou lá para te segredar a resposta, mas sabes o que me incomoda mais ainda que tudo isto ?
Não estar lá quando tu precisares de mim.
Quando precisares dos meus conselhos, quando precisares dos meus " tem calma " , quando precisares que eu vá contigo à rua, quando precisares de mostrar uma mensagem, quando só eu percebo que afinal não estás tão bem como pareces, quando só eu sei que estás tão bem que nem consegues mostrar tudo.
Por já não teres ninguém que te conheça, melhor que tu mesma.
Mas ao contrário de ti, eu sempre soube que as cenas não iam mudar, talvez tivesse receio mas nunca o mostrei para te dar a segurança que não tinhas. E isto serve-me de consolo, saber que sempre que saio da sala, tu vais no mesmo intervalo que eu, e sempre pronta, a dizer " ai minha Sofiazinhaaa " ou qualquer coisa como " Não sabes da melhor !", por saber que ainda te diriges a mim com a mesma cara de parva, e por saber, que fora da escola, a minha casa vai ser sempre a tua segunda.
E penso nisto, como umas férias eternas, penso que tal como nas férias nós não estamos juntas todos os dias e que há sempre aqueles dias de praia ou a semana no farol, sei que voltamos sempre a fazer as nossas parvoíces ou a ter as nossas grandes conversas.  
Tu vais ser sempre tu, insubstituível e insusceptivelmente tu.

E não digas a ninguém, mas é este o meu segredo, acreditar e pensar que estás sempre aqui, comigo, como sempre estiveste e ainda estás.

Eu Amo-te.

Vale a pena ?

Foram tantas as vezes que jurei.
Prometi-me em sacos ratos, ajoelhei-me e supliquei-me de palmas juntas apelando ao que não tinha.
Garanti tantas vezes a minha segurança que me esqueci que nunca deixei de ter noção que todas as promessas pessoais não passavam de calúnias. Fui tão forte que me esqueci do quão fraca era.
Menti-me tantas e tantas vezes que deixei de saber em que alturas é que era realmente verdadeira, fiquei tão perto e tão longe de saber o que queria que quando cai em mim já era tarde demais.
Entre estar cansada e afastar memórias, a gratificação foi tão monstruosamente grande que no fundo o problema era mesmo nunca as ter afastado.
Entendi tudo tão direito que me vi em linhas tortas, sem atalhos nem desvios e o que me salvou foi apenas saber que a minha cabeça ainda mandava mais que o meu coração.
E mesmo chegando ao meu inconsciente e notando que não era dona de qualquer sentido sabia delimitar certos aspectos.  Descobri que em mim, vai ser sempre assim, cabeça e coração como inimigos eternos e imutáveis.
O meu coração saia do peito e empurrava-me, via-me tão obrigada a avançar, sabia tão bem o que queria que me esqueci do que devia fazer, e aí entrou a minha cabeça, afastando-me e apelando ao erro que estava prestes a cometer, o querer continuava a achar-se certo.
E é nisto que me baseio, no arrependimento apaixonado ainda a sentir aquela respiração a sufocar-me e na minha consciência a tentar decidir para que lado pender.
Estive tão perto do querer e tão longe do dever.
E vou continuar assim até saber se o meu corpo já foi ocupado por outro, se os meus pós ainda mexem ou se os meus cordelinhos não fazem qualquer movimento, até voltar a ver com que intensidade é o próximo olhar.
Queria tanto sair, que cada vez entro mais.

17 – Carta para alguém da tua infância

17 – Carta para alguém da tua infância

Mudaste muito, e já não és quem conheci, nem de longe.
Não escrevo para ti porque não tenho nada para te dizer.
Olá e Adeus, nada mais, não estou chateada mas mudaste tanto que nem te reconheço já nem sei nada de ti, mas ainda te vejo como aquela amiga de infância.
Ainda me lembro dos tres estarolas. 
Um dia voltamos a estar juntos, um dia (:

.....

Se nos sai mal, fazes tudo de novo.

16 – Carta para alguém que não está na tua cidade ou país

Meu amor, tenho saudades tuas duma forma que nem consegues imaginar !
Sinto a tua falta, de falar contigo, daquela nossa conversa no cais.
Foste a pessoa com que mais me identifiquei até hoje, se alguma vez me disserem que é impossível duas pessoas ficarem grandes amigas em apenas dias, vou contestar com tudo o que tiver.
Fiquei super frustrada de não te ter visto este Verão e juro-te que ainda nos vemos antes do próximo, nem que tenha de ir a Lisboa só para te ver.
Fazes anos daqui a uns dias e vou mostrar-te como não me esqueci.
Até já :D