s(h)(e) be(l)(i)ev(e)(d)

Já passa da 1 da manha.
Eu estou em casa, no quarto, em frente ao computador no lugar do costume, tu deves estar na Kadoc, com os teus amigos, a repetir a rotina de todos os fins de semana.
Eu tenho os phones nos ouvidos, youtube a funcionar e a opção " replay" sempre a fazer uso, tu deves estar com os braços no ar, sem ouvido para mais nada a não ser os últimos êxitos para discoteca.
Já deves estar de cerveja na mão e se pudesses de cigarro nos dedos.
Já deves estar a galar a rapariga mais bonita, de cabelo comprido e brilhante, com um vestido pela nádegas e uns saltos de 10 centímetros, com tudo arranjado até ao mínimo pormenor, eu estou de cabelo atado, sweat preta ate aos joelhos, calças rosa com corações e meias às riscas, e a única coisa arranjada que tenho são as unhas.
Os teus olhos já te devem estar a doer de tantas luzes intermitentes e a única luz que tenho acesa é a do candeeiro em cima da mesa de cabeceira.
Eu estou sozinha e tu deves estar rodeado de gente e a falar com todas as pessoas conhecidas que vês, o que para ti, é praticamente toda a gente.
Daqui a uma hora já deves estar bêbado e daqui a uma hora eu já estou a dormir.
Quando chegares a casa, eu devo estar a levantar-me da cama, quando adormeceres já vou estar a abrir o livro e a pegar na lapiseira.
Quando acordares deves pegar no teu carrinho e deves ir com os teus amigos de sempre, " curtir" do teu feriado a curar uma bela ressaca e como habitual, falar dos absurdos desta noite, eu vou estar agarrada à Biologia, sem por o pé fora de casa, todo o santo dia.
Terça vais acordar e atravessar a rua para ir trabalhar, eu vou levantar-me e preparar-me para mais uma semana de aulas e coisas para fazer e para tratar.

Não sou eu que sou diferente de ti, ou tu de mim, são as nossas vidas que não têm nada a ver.

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