It happens

Devíamos todos ter a capacidade de admitir o nosso mau bom hábito, devíamos saber que adoramos aquela sensação, que por mais vezes que digamos que só traz problemas, não há maneira não de não viver com intensidade aquilo que se sente.
Temos mesmo que admitir, é bom sentir aquelas borboletas na barriga e que em certos momentos nos isolamos do mundo e criamos uma espécie de contacto à distância com alguém que dizemos ser o/a tal.
E até podemos chegar à conclusão que todos/as foram os ou as tais, e só nos damos conta que é mesmo o/a tal quando já não há mais ninguém a quem nomear.
Sabe bem acordar de manhã e ter o lugar ao lado na cama preenchido e ouvir o " Bom dia " mais ofegante dos últimos tempos, sabe tão tão bem sair de casa e numa milésima de segundo em que os olhos não se tocam já sentir aquele pavor saudoso de quem não sabe viver de outra maneira.
Não há nada melhor que ter quem nos beije a mão, quem nos acaricie a pele, quem nos abafe as costas e envolva delicadamente os braços à volta da nossa cintura, quem saiba dizer coisas bonitas, quem saiba fazer coisas bonitas. Ter quem diga constantemente que somos lindas /os e que nos ama, que não pode viver sem nós, e que mesmo sabendo que um sempre nunca é para sempre, e que nunca se deve dizer nunca, diga que vai ser para sempre e que nunca vai sair do nosso lado, e mesmo não acreditando nos faça acreditar com todas as forças que não gastamos a amar a outra pessoa. Ter alguém que acabe as músicas que nos começamos, que saiba completar as frases que nos ficam a meio, que saiba adivinhar a nossa próxima expressão e que saiba o que dizemos só com o olhar.
Ter a certeza que há alguém la fora, que nem que esteja do outro lado do mundo, que saiba, que pense, que queira, que deseje, que planeie, que diga , que faça, em nós e por nós.
É estranho ter saudades de um hábito sempre tão irregular.

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