Abri os olhos e não cheirava a ti. É sina acordar todos estes dias nos lençóis amenos e não ter o teu cabelo preso na fronha da almofada, nem o aconchego do teu corpo nas minhas costas nem o calor da tua mão a tirar-me o cabelo da cara. Sinto-te sempre de olhos abertos quando eu os fecho. Não os sinto, não os sinto nunca, sempre que não estás, que não estou, que não estamos.
Abri os olhos e a tua blusa estava no chão. É ela que me leva a ti todas as noites, leva-me ao teu quarto, ao teu armário aberto no quarto, ao teu perfume no armário aberto, à blusa, de volta à blusa embrulhada com o teu perfume. Sabe-me tão bem. Quão estúpido é querer preencher o vazio da tua presença com um pedaço de tecido. Acho que sou estúpida desde aquele dia quente em que deixámos de viver num mar de rosas. Nunca nos despedimos, já reparaste meu  amor?  Não me soubeste dizer adeus naquele dia, e eu nunca te digo, sempre que volto para longe de ti, prefiro dizer " falamos mais logo ". E quando dizes que me dás o que eu quiser, que só preciso de pedir, eu peço-te o mais dificil, gostar de mim todos os dias.

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