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Foste forçado a sentires o que não sentias, foste jogado para os meus braços, meteram-te no primeiro espaço que encontraram para te ajudar, para te tirarem da solidão e a tua única hipótese foi adaptares-te mesmo sabendo que aquele não era o teu habitat, que aquilo não era a tua essência que eu não fazia parte das tuas tão grandes escolhas, das tuas grandes expectativas.
Entraste, entraste só para satisfazer, só para não cortares, só para dizer que tinhas, só para não seres o único, para teres o teu momento alto e teres o que ansiavas à tanto tempo, para fazeres parte deles, para não perderes reputação.
Eu fui avisada, avisada muitas e muitas vezes, de todas as maneiras possíveis e imaginárias, não fui por querer, não fui por sentimento, fui por brincadeira, fui por necessidade, fui por capricho, miserável e imperdoável capricho.
Fui porque estava farta das mesmas mentalidades, dos mesmos pensamentos, dos mesmos arrependimentos, da mesma forma de viver. Queria mover olhares, mudar sentimentos, revolucionar crenças, queria alguém que acreditasse em mim mais do que alguma vez eu conseguirei acreditar.
Queria ter alguém a quem contar tudo, todos os pormenores, tudo de mais insignificante, funcionavas como o meu trampolim, subia e sempre que voltava a baixo tu estavas lá e voltavas a por-me lá em cima, durante todo o tempo que precisasse. Os minutos passavam e eu parecia nunca mais querer sair de lá, parecia que tinha encontrado o meu mundo, como se tivesse encontrado o meu tesouro no meio do deserto, como se tivesse encontrado a agulha no meio do palheiro.
Para os teus, eu era a parte preta que eles tinham escolhido, para os meus, tu eras a minha parte preta de quem eles tinham medo.
Medo que me magoasses, medo que me tornasses em que eu não sou, tinham de medo de dirigir uma palavra sobre ti, medo de dizer que não confiavam em ti. Eu tentava prova-los, todos os dias, que eras tu quem me fazias feliz e amparava todos os teus golpes, todas as tuas faltas, amenizava tudo o que não gostava, e cada vez que dizia alguma coisa, via estampado na cara deles que não estavam à espera de algo diferente enquanto eu esperava por muito, muito mais.
Mais para lhes contar, mais para lhes dizer, mais para eles denotarem a emoção com que falava de ti, a exuberância com que descrevia todos os teus actos, o entusiasmo que mostrava em todas as minhas expressões, o brilho que tinha nos olhos.
Aparentemente, eles conheciam-te, eu não.
Acabaram por se iludir a eles mesmo por uma ilusão que eu mesma criei.
Todos os outros, não os teus, não os meus, os restantes, não estavam à espera que acontecesse outra coisa, contavam os minutos para que a qualquer altura acertarem em cheio naquilo que previam desde o inicio. O teu lado não gostou e o meu muito menos.

E sim, tinham todos razão.
Agora tu avanças, partes em frente, com alguém completamente diferente de mim, igual a ti, e eu, continuo aqui, recuada, ainda com alguém completamente diferente de mim, tu.
Ambos não seguimos conselhos, algum de nós foi pelo caminho errado.
Ou eu por aceitar um começo, ou tu, por ditar um fim.
Um dia vou ditar um novo inicio e terei muito tempo para me lembrar do que já me esqueci, tu terás demasiado para tentar esquecer o que não sai da tua lembrança.


Adeus.


Day 13 - A song from your favorite album




E viva aos Muse !









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