" O meu telemóvel tocou, senti a vibração frenética no meu bolso, alguém do outro lado parecia desesperado por falar comigo, mas eu desesperava por não ter ninguém a interromper. O " alguém " do outro lado desiste, uma chamada não atendida e uma mensagem -  " Pai : Preciso de falar contigo ", problemas,  fiquei nervosa, estava a uns bons 18 quilómetros de onde devia estar, não estava no sítio correcto, o ambiente à volta não era o indicado. Olhei desesperadamente para ele e corri para o sítio mais próximo com o mínimo de poluição sonora, na esperança de se fazer passar pelo som de população festiva à minha volta. E no meio de tanto desespero e nervosismo, desliguei o telefone e ri-me, soltei tamanha gargalhada de alívio que o deixei estupefacto, parecia ainda mais nervoso que eu. Abracei-o e disse-lhe ao ouvido " sabes o que era ? A minha mãe queria saber onde estava a minha calculadora ".

-- Vês, eu disse-te para não ficares tão aflita, está tudo bem. E o que fazemos agora ? Voltamos para lá ou vamos embora ?
- Que horas são ?
-- 22.30
- Ainda temos tempo, voltamos para lá

Havia animação, uma mini festa perto, e no momento em que lá passamos, todos os olhares estavam postos em nós, como quem quer perguntar o que vamos fazer e ou não sabiam como fazê-lo em português ou não havia coragem suficiente. Era como se estivéssemos a invadir o seu espaço.
Continuamos a andar e diz-me " sabes o que é que eu fazia agora ? " - " Ficava contigo aqui o resto da noite, o resto do dia e o resto da vida ".
Encostei as minhas mãos à sua cara, olhei-lhe nos olhos e disse baixinho " A-M-O--TE ".
Os seus olhos arregalaram, e a luz do olhar verde encontrou-se com a magia do seu sorriso espontâneo.
Éramos mais felizes que nunca. Ele compreendia a dificuldade daquela palavra e pela primeira vez eu soube dizê-la pela primeira vez no momento certo. A primeira vez de sempre bem feita e a primeira vez para ele.
Caímos na areia e os olhares voltaram postos em nós, indiscrição e risos tímidos no meio.
Mais tarde, o relógio parecia ter parado e eu queria que assim fosse, era o nosso sítio, tínhamos o som da água e estávamos mais perto que nunca, e no momento certo,fogo-de-artifício como fosse a celebração do que éramos. Naquela noite a minha palavra de despedida mudou, o significado daquela praia já não era igual e o fogo-de-artificio era motivo de riso, quando juntos.
Ao chegar a casa o meu telemóvel voltou a vibrar - " Todas as outras nossas noites foram maravilhosas, mas há certas palavras que mudam tudo, dorme bem, Amo-te <3 " "


O que vos parece ser ? Realidade ou puro sonho ?

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