2 – Carta para a tua paixão

2 – Carta para a tua paixão

Olá.
Não sei quem és nem onde estás neste momento, escrevo sem morada nem nome de destinatário, nem sei se te deva tratar por tu.
E não, não anseio pelo tua chegada.
Se e quando chegares eu vou receber-te, e vou esperar que sejas tu a fazer com que te abra os braços, garanto-te que a tua tarefa não será fácil quando chegar a altura certa.
Já te confundi com algumas pessoas e pensei ver-te em espíritos que não alcançavam os sítios onde tu o farás, talvez por não ter maturidade suficiente para perceber onde realmente habitas. Não serei um brinquedo nas tuas mãos nem uma marioneta para fazeres tudo o que te vier à lembrança, não vou tentar coisas novas e vou esperar que me proves que há excepções. Não vais servir para me tirar da solidão mas para me tirares este cansaço que carrego nas minhas costas cada vez que abusam do tanto que dou. Talvez seja por isso que não tenho pressa que venhas, estou bem assim e apesar de estar cansada de tudo o que já arruinaram, não é isso que me vai fazer desesperar pela tua chegada.
Dizem que os adolescentes teêm sempre uma, mas tu ainda não chegaste, apenas ilusões, antigas, enferrujadas e cheias de pó, arrumadas no armário menos usado.
Um dia mandou-te um postal e digo para vires ter comigo, pode ser que a tua cara não me seja tão estranha quanto isso, talvez já te conheça melhor do que possas imaginar.
Até lá.

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